Página Inicial      |    Literatura    |    Entrevistas

 


Pergunta 1

Pergunta 2

Pergunta 3

Pergunta 4

Pergunta 5

Pergunta 6

 

 

 

contato:




A D A P T S E


Escola de Arquitetura

Universidade Federal

Minas Gerais


Rua Paraiba 697
sl 125

Belo Horizonte

30130-140


contato@adaptse.org

(5531) 3409 8810

Entrevista com Marcelo Pinto Guimarães,
preparatória para a matéria
"Acessibilidade e Inclusão através da Arquitetura" Revista Fapemig, no. 14 / mar a mai, 2003

.......................................................................topo da página

1- Pesquisamos em nossos arquivos e descobrimos o "Acesso em vídeo - CAD: modelos virtuais qualitativos para design e rendering da arquitetura sem barreiras"... Como foi? Rende algum resultado até hoje?

O projeto Acesso em Video-CAD, patrocinado pela FAPEMIG tem sido muito importante para mim. Baseado naquela experiência é que estou aqui cursando meu programa de doutoramento por meio de licença da UFMG. Meu maior interesse é na utilização de modelos didáticos que facilitem o ensino do design universal, natural extensão da arquitetura sem barreiras no contexto de facilitar a vida de todos. O projeto Acesso em Video-CAD foi essencial para o desenvolvimento de outro projeto (no qual Sandra Fernandino é co-autora) relativo a planilhas de verificação da acessibilidade ambiental. Minha expectativa é de formar pessoal capacitado no ADAPTSE em maior número para estreitar relações de intercambio internacional em atividades de pesquisa e extensão.

.......................................................................topo da página

2- Gostaria de saber também há quanto tempo o laboratório foi criado e qual a importância do trabalho desenvolvido no laboratório?

O ADAPTSE surgiu oficalmente em 1997 vinculado ao Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura, muito embora seus serviços de extensão e em consultoria sobre acessibilidade tenham se iniciado com a fundação do Centro de Vida Independente de Belo Horizonte (CVIBH) em 1995.

O CVIBH é uma instituição não governamental voltada para fortalecer a imagem pública da pessoa portadora de deficiência como um agente ativo de transformação social ao invés de objeto de prática filantrópica e caritativa. O CVIBH surgiu ocupando o espaço do laboratório na Escola de Arquitetura para incentivar trabalhos acadêmicos que contassem com a participação de pessoas portadoras de deficiência em decisões sobre projetos para maior acessibilidade ambiental dentro e fora da UFMG.

Na época, inclusive, havia a Comissão Pró'Acesso vinculada à Reitoria da UFMG que buscava o desenvolvimento da acessibilidade ambiental como parte do Plano Diretor para a Universidade e como um programa permanente de aprimoramento técnico no atendimento às necessidades especiais da communidade universitária. Assim, a presença cotidiana de pessoas portadoras de deficiência na Escola de Arquitetura da UFMG subsidiando serviços de aconselhamento inter-pessoal e consultorias técnicas sobre acessibilidade ambiental favoreceu o surgimento do laboratório de pesquisas ADAPTSE.

O Laboratório ADAPTSE tem procurado expandir o conhecimento da acessibilidade ambiental em níveis acima das condições mínimas estabelecidas pelas normas técnicas. Associando a acessibilidade ambiental ao desenho universal e considerando-os respectivamente como níveis intermediário e avançado de qualidade ambiental, o Laboratório ADAPTSE tem buscado ampliar o espectro de aplicação do design universal na escala de edifícios, transportes, comunicação e desenvolvimento urbano.

O trabalho do ADAPTSE ampliou as iniciativas sobre acessibilidade inclusive noutras instituições. Estudantes de graduação das Escolas de Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica, do Instituto Izabela Hendrix e da Escola de Design da FUMA obtiveram consultoria complementar para a consideração da acessibilidade em seus trabalhos finais. Na PUC, o ADAPTSE participou juntamente com o CVIBH na preparação dos dois primeiros anos do Simpósio Sociedade Inclusiva, atuando inclusive na adaptação do auditório vinculado à Pró-reitoria de Extensão. Junto ao CREA-MG (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) e ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o Laboratório ADAPTSE e o CVIBH atuaram na formatação da Campanha 'Pela Arquitetura da Sociedade Inclusiva,' a qual busca a disseminação da prática da acessibilidade ambiental em todo o Estado de Minas Gerais. O sucesso da campanha, principalmente do programa de aprimoramento interno do CREA-MG (Inacessível é Inaceitável) resultou na adoção da Campanha em nível nacional pelo Conselho Federal de Arquitetura.

.......................................................................topo da página

3- Poderia me contar um pouco sobre seu projeto Acesso em Vídeo-CAD?

O Laboratório ADAPTSE se consolidou com o projeto Acesso em Video'CAD: Modelos Virtuais para a Arquitetura Sem Barreiras o qual foi patrocinado pela FAPEMIG. Tal projeto teve como objetivo reunir bancos de dados sobre exemplos de design com acessibilidade que pudessem ser utilizados como recursos didáticos em disciplinas da Escola de Arquitetura. Baseando-se em trabalhos desenvolvidos na Holanda, nos USA e no Brasil, a equipe técnica do ADAPTSE elaborou projetos de extensão e desenvolveu o material didático para apresentações multimidiais nas disciplinas 'Arquitetura Sem Barreiras' e 'Ensaios de Acessibilidade' da Escola entre os anos de 1995 a 2001. A comparação entre padrões técnicos da acessibilidade nesses diferentes países resultou no desenvolvimento de planilhas de avaliação ambiental com índices graduais de qualidade sobre a experiência de pessoas com diferentes problemas de acessibilidade ambiental. Essas planilhas tem sido aprimoradas anualmente desde 1998 e tem servido de base para o trabalho de avaliação da qualidade da acessibilidade ambiental em edifícios de uso público.
Participei no exterior de dois eventos internacionais quando então publiquei alguns dos trabalhos do Laboratório ADAPTSE. Um foi em Hofstra, NY - USA em 1998, e o outro em Providence, RI - USA em 2000.

.......................................................................topo da página

4- Qual é o impacto do trabalho do Laboratório ADAPTSE na Escola de Arquitetura da UFMG?

De modo geral, estudos sobre a acessibilidade ambiental tem sido cada vez mais difundidos na Escola de Arquitetura. Desde o surgimento do Laboratório ADAPTSE, trabalhos de projetos arquitetônicos cumprem a exigência de apresentarem condições mínima de acessibilidade ambiental. Ao longo desses anos em cada semestre, exposições dos trabalhos de estudantes exibiram em cada poster adesivos produzidos pelo ADAPTSE com o símbolo internacional de acessibilidade como um atestado de qualidade. Trabalhos em que soluções de acessibilidade não eram bem sucedidas recebiam o adesivo marcado com um X em vermelho. 

Tal estratégia resultou na ampliação do debate entre professores e estudantes sobre alternativas para soluções técnicas propostas. 

.......................................................................topo da página

5- A acessibilidade e o design universal estão bem difundidos na sociedade?

Propostas específicas de desenho universal são ainda pouco adotadas no Brasil. No conceito de desenho universal subentende-se que os processos de projetação e de produção dos elementos ambientais consideram as diferentes formas de deficiência simultaneamente como base para que esses elementos sejam acessíveis ao maior número possível de pessoas. Ao invés de se criar soluções complexas que agregam idéias específicas para responder às deficiências motoras, sensoriais ou de desenvolvimento psico-social, o desenho universal busca estabelecer soluções simplificadas de superposição de atributos operacionais. Trata-se de um posicionamento ideológico para holismo no design centrado no usuário. O resultado é um patamar mais elevado de qualidade ao design convencional de modo a proporcionar melhor interface com os usuários independentemente de condição física, faixa etária ou habilidades na relação com o ambiente.

.......................................................................topo da página

6- Qual é a ênfase em seus estudos atuais no programa de doutorado?

Em meu trabalho de doutoramento, tenho buscado associar a experiência de usuários do espaço público construido especificamente criado sob o conceito de acessibilidade ambiental com a reação de usuários sob efeito de simulação desses espaços em modelos criados unicamente para o ensino de design universal. Partindo da idéia de que ambientes comunicam valores sociais e formas simbolicas de inclusão social, é de se esperar que ambientes acessíveis informem aos diferentes usuários os benefícios generalizados da acessibilidade ambiental. Infelizmente, soluções mal desenvolvidas e pouco abrangentes podem influenciar a aceitação pública da acessibilidade ambiental. Por outro lado, modelos virtuais para o ensino de design universal devem atuar como mecanismos de sensibilização dos usuários de modo a ampliar a demanda por contínuo aprimoramento do espaço construido e reduzir a resistência a mudanças.

 

Entrevista concedida em 15/01/2003 via e-mail à
Vanessa Fagundes,

Assessoria de Comunicação
http://revista.fapemig.br
revista@fapemig.br

Revista FAPEMIG, Minas Faz Ciência

  /\ início